Houve um tempo em que a medicina tratava os doentes enquanto considerava existir uma possibilidade de cura. Quando se esgotavam todos os recursos, a alternativa era liberar o doente para passar os últimos dias de vida em casa, ao lado dos familiares, e o leito era ocupado por outro com mais chances de sobrevida.

 

Mas os tempos mudaram, transformações sociais e avanços na área médica resultaram em uma nova concepção de atendimento aos doentes. Surgiu, então, a necessidade de um acolhimento mais humano, tirando um pouco o foco da doença e olhando mais para o paciente. A Medicina Paliativa propõe exatamente isso: aliviar o sofrimento e melhorar a qualidade de vida dos pacientes com doenças crônicas em progressão e que ameacem a continuidade da vida.

 

De acordo com o médico paliativista da clínica oncológica Oncomed, dr. Fábio Vanuzzi, a presença de uma equipe multidisciplinar durante o tratamento do câncer e outras doenças crônicas é necessária para conseguir enxergar o paciente e seus familiares como um todo, a fim de atender às necessidades desse núcleo de forma bastante personalizada.

 

- Os cuidados paliativos exigem a presença de uma equipe multidisciplinar, que irá acolher de forma mais ampla e humana o paciente, ouvindo suas respostas às terapias e buscando controlar não só os sintomas de dimensão física – como as dores – mas, também, questões de fundo emocional e espiritual – como a busca da identidade e do sentido da vida. O amparo ao familiar também é primordial, tendo em vista sua forte influência sobre o paciente.

 

No país, há um déficit desse tipo de cuidado com o paciente. Seja na rede pública ou particular, poucas unidades de saúde possuem a estrutura necessária para disponibilizar o serviço e, na maioria das vezes, não há profissional capacitado. Segundo Vanuzzi, a clínica Oncomed, de Niterói, é pioneira nesse serviço.

 

- A Oncomed é pioneira no atendimento paliativo ao paciente oncológico. Desde 2009 atuo ao lado de uma equipe multidisciplinar, composta por oncologistas, nutricionistas, enfermeiros e psicólogos, que visam oferecer um atendimento mais humanizado, buscando sempre o bem-estar do paciente.

 

Projeto de Lei

 

Foi aprovado na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) o Projeto de Lei (PL 3277/2014) que cria o Programa Estadual de Cuidados Paliativos no Estado do Rio. Segundo o projeto, os cuidados paliativos devem ser iniciados o mais precocemente possível, junto a outras medidas de prolongamento de vida como a quimioterapia e radioterapia, e incluir todas as investigações necessárias para melhor compreensão e manejo dos sintomas.